Visceralidade Gasosa em Bacurau, Parasita, Coringa e O Poço
Na sua visão, o cinema seria um espelho da sociedade ou o inverso? A sociedade que seria no caso influenciada pelo cinema produzido em determinado espaço-tempo?
Eu acredito que ambas as energias se cruzam no espírito do tempo latente-urgente. Hora o cinema age como agente, hora age como reflexo do zeitgeist.
O cinema é uma das potências criativas que expressa as nuances e características de determinado período histórico e o molho cultural daquele tempo.
Isso posto, me peguei outro dia pensando nisso: que espírito do tempo é esse, no qual estamos todos imersos, que consegue conceber quatro filmes, viscerais e densos como esses, em uma mesma janela de tempo histórico, no mesmo ano?
Que tipo de sociedade expele quatro histórias profundas como essas?
Que momento da jornada da humanidade explicaria a coincidiência temporal dessas quatro narrativas com esse grau de semelhança e visceralidade?
Afinal, o que há de comum entre os 4 manifestos sociais recentes defendidos na forma da 7ª arte?
Pacto ficcional imagem da Terra em um zoom in. É noite no resto do planeta mas já amanheceu no Nordeste.
Camadas sociais
Opressores e Oprimidos
Em “O Poço”, os níveis da plataforma ainda que pareça estar mais explícito visual e metaforicamente falando os papéis de opressores e oprimidos na narrativa, levando-se em conta os andares da “plataforma”, o aspecto a se observar é o fato da aparente imprevisibilidade. Em um mês você é opressor. No mês seguinte, oprimido. E no próximo, opressor novamente.
“Esperança que não se organiza morre”.
Timeline
Bacurau de Kleber Mendonça Filho, lançado em 15 de maio de 2019 no Festival de Cannes.
Parasita (Parasite) de Bong Joon-ho, lançado em 21 de maio de 2019 no Festival de Cannes.
Coringa (Joker) de Todd Phillips, lançado em 31 de agosto de 2019 no Festival de Cinema de Veneza.
O Poço (El Hoyo), de Galder Gaztelu-Urrutia, lançado em 6 de setembro de 2019 no TIFF (Toronto International Film Festival).